Não bobeia
Vacina contra a gripe tem baixa procura
Idosos são maioria entre os imunizados, apesar da liberação da aplicação para todas as idades, mas também possuem percentual insatisfatório
Jô Folha -
Pelotas começa nesta quinta-feira (9) a aplicar a vacina contra a Covid-19 em pessoas com 50 anos ou mais e trabalhadores da saúde. A imunização foi liberada pelo Ministério da Saúde no final de semana. Mas quando o assunto é prevenção, é bom ficar atento a outro vírus: o da Influenza. No município, a data foi prorrogada e a vacinação liberada para todas as idades, a partir dos seis meses, situação que tem movimentado os pontos de aplicação. A procura é importante, já que o percentual entre o público-alvo estava bem baixo - 30,97% -, principalmente entre os idosos. Pela ultima atualização do painel do Ministério da Saúde, eram 29.153 aplicações para um universo de 69.303 pessoas com mais de 60 anos, o que corresponde a apenas 40,06%. Na região da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), o cenário se repete e um “dia D” de vacinação está sendo planejado.
Os números, no entanto, podem apresentar melhora a partir desta quinta. A liberação da segunda dose de reforço contra a Covid tem levado o público desta faixa etária até a Casa da Vacina. Muitas vezes quem procura acaba recebendo o chamado combo, com as duas imunizações registradas na carteira. Éder dos Santos, de 62 anos, foi um deles. Nesta quarta-feira (8) pela manhã seu foco era o reforço contra o coronavírus. “Não sabia que poderia receber a vacina da Influenza no mesmo dia”, justificou. Em menos de 15 minutos, ele já havia sido atendido e conseguiu retornar para a sua rotina de trabalho. O zelador Joerci da Silva, de 56 anos, soube que a aplicação contra a gripe estava liberada para todas as idades e foi logo se proteger. “É muito importante para evitar resfriados. Estamos vivendo um período de muitas mudanças climáticas e é a saúde que sofre.”
O aposentado João Fernando Correa Castanheira, de 67 anos, foi marcar um exame, próximo à Casa, e decidiu que à tarde retornaria para também se imunizar. “Só não posso fazer agora (quarta) porque estou sem documentos”, explicou. “Acho que tenho sorte, pois nunca fico gripado. Tomo bastante chá de alho”, contou à reportagem. Já Airton Antonio Beira, de 66 anos, resolveu fazer um intervalo entre um imunizante e outro. Semana passada recebeu a dose contra o coronavírus e nesta quarta foi se blindar contra a gripe. “Há cinco anos que tomo e, desde então, não tive nenhum sintoma gripal forte”.
Alerta da 3ª CRS
A coordenadora do Departamento de Epidemiologia da 3ª CRS, Dóris Schuch, confirma que a cobertura vacinal da Influenza está muito baixa na região. Ela explica que a dose é anual já há duas décadas e é necessário que as populações prioritárias recebam sempre no período. “Esta vacina é sempre produzida para o ano em curso, tendo em vista as variantes do vírus Influenza que estão circulando e que circularam na América do Norte, Canadá e Europa no último inverno naqueles países. Portanto ela nunca é igual a anterior e há a necessidade de que todos recebam a dose para que o sistema imunológico tenha a capacidade de defesa necessária”, explicou.
Ainda de acordo com Dóris, desde a entrada da vacina no calendário anual do Brasil, as internações e óbitos por gripe caíram de forma satisfatória - especialmente entre idosos, gestantes e pessoas com comorbidades que apresentam riscos aumentados de agravamento. “Essas precisam receber a dose de 2022. Nossa sazonalidade para a gripe vai de abril a setembro e, com a liberação para todas as faixas etárias, é bem importante que todos busquem os serviços de saúde para que, com o maior número de pessoas imunizadas, consigamos romper cadeias de transmissão.” A especialista lembra que desde 2019 o vírus Influenza não circulava pelo Estado.
Tipo de vírus
Em Pelotas e região, desde janeiro houve a detecção da circulação de Influenza tipo A, H3N2, com aumento significativo nas últimas semanas. “Além da imunização, é fundamental que as pessoas adotem as medidas de prevenção, pois com o aumento de casos de coronavírus, nos últimos 50 dias, é fortemente recomendado o uso de máscaras em ambientes fechados”, considerou.
Com base no levantamento da cobertura vacinal na região da 3ª CRS, está previsto, inicialmente para o último sábado deste mês, a realização de um “dia D” de vacinação para atingir as metas estipuladas contra gripe, Covid-19 e triviral (sarampo, coqueluche e rubéola). “Seria importante que os municípios se organizassem para estender os horários de atendimento e, assim, oportunizar aos trabalhadores do comércio, além de postos itinerantes em escolas”, disse a coordenadora regional de Saúde, Cíntia Daniela.
Quarta dose
A partir desta quinta, Pelotas começa a aplicar a quarta dose contra a Covid-19 em pessoas com 50 anos ou mais. A ampliação do público para receber o segundo reforço se dá a partir da liberação pelos governos federal e estadual, com a publicação das orientações por meio da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), e baseada no estoque de vacinas disponíveis em na cidade. Podem tomar o reforço aqueles que receberam a terceira aplicação há, no mínimo, quatro meses. Serão utilizados os imunizantes da Pfizer, da Janssen e da AstraZeneca, conforme a disponibilidade no local, independentemente do utilizado na última vez.
Postos itinerantes
Assim como em outras campanhas, a prefeitura também irá aproveitar a movimentação de público na 28ª Fenadoce e, a partir desta quinta até domingo, o Trailer da Vacina estará nas dependências do Centro de Eventos para imunizar a população. As UBSs também aplicam as doses, exceto as Unidades Sentinelas (CSU Cruzeiro, Leocádia, PAM Fragata e Salgado Filho), para a Covid-19, das 8h30min às 11h. Nas UBSs Fraget, Lindoia e Porto, a vacinação ocorre das 8h30min às 15h. Tem ainda a Casa da Vacina, na rua General Neto, 1.707, de segunda a sexta-feira das 8h às 17h e aos sábados das 10 às 15h, e no Centro de Especialidades, na rua Voluntários da Pátria, 1.420, das 13h às 17hw. Para receber as doses é preciso apresentar o documento de identidade, o Cartão SUS, comprovante de residência (caso seja a primeira) ou a identidade e a carteira de vacinação.
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